O Drama do pastor que deu um golpe nos fieis, e nem viu a cor do dinheiro.

A história de hoje fala sobre aquele tipo de golpe que não dá pra ter pena de nenhum dos envolvidos, aquele golpe que envolve um bando de vagabundos querendo se dar bem em cima dos outros, mas no final, só um efetivamente consegue.

Nossa história começa em Goiânia, numa igreja evangélica, com um pastor cego chamado Osório José Lopes.

Apesar de cego, isso não impediu o pastor de enxergar uma oportunidade de tirar dinheiro de outro bando de cegos do pior tipo : Os que se recusam a ver a cagada federal que estão fazendo.

O golpe envolvia Osorinho interpelando os fieis da igreja, alegando ser possuidor de títulos de dívida pública americanos, e que necessitaria de uma contribuição financeira a fim de resgatar esses títulos, prometendo em troca, uma parte da remuneração ou do valor do título.

Esse golpe é antigo, o finado fraudes.org descrevia como sendo o “Golpe dos papeleiros“, que envolvia, entre outros papéis, LTNs da década de 70, C-Bonds, letras hipotecárias, e obrigações da Eletrobrás. O que deixa o golpe aqui citado em destaque é…vejam vocês :

Em um vídeo publicado nas redes sociais, o Osório falou que após a segunda guerra mundial, a América criou um sistema de agregação financeira em 209 países. Segundo ele, esses países reuniram “o que tinham de melhor” e levaram para os Estados Unidos.

“Eles distribuiriam a chamada ‘letra do Tesouro Mundial’, só que com o decorrer dos anos, muitas dessas letras sumiram. O Brasil tinha 19 letras e só contém quatro. Entre as 4, eu sou o único que possui uma delas”, falou no vídeo

A advogada completou que o pastor fala que o valor a ser recebido por ele seria em octilhões de reais. A mulher disse que Osório chegou a prometer 2 quatrilhões de reais a quem desse 200 reais para ele.

Vamos ver alguns números para fins de comparação :

PIB dos EUA : US$ 20,94 trilhões – US$ 20.940.000.000.000,00

PIB mundial : US$ 84,71 trilhões – US$ 84.710.000.000.000,00

Um quatrilhão de dólares – US$ 1.000.000.000.000.000,00

Um octilhão de dólares – US$ 1.000.000.000.000.000.000.000.000.000,00

Será que tá meio exagerado?! Não, magina! Seems totally legit, man!

Bem, pelo menos soou legítimo pra um monte de gente, que vendeu casa, apartamento, fez dívida, e entregaram um total de R$ 15 milhões de reais na mão do pastoreco.

Ah, sim, Osorinho já havia sido preso em maio de 2018 com um golpe mais ou menos parecido, porém, um pouco mais modesto, pois o pastor dizia que o título era de ‘apenas’ um bilhão.

Às vezes eu fico pensando que tenho uma estrela da sorte muito boa, pois essas ‘oportunidades’ nunca aparecem na minha frente. Aí eu me lembro que não sigo celebridade de Instagram, nem frequento igreja de enganar trouxa.Isso deve explicar tudo.

Mas lembrem-se : Religião torna as pessoas mais éticas!

Fonte : G1

Mundinho livre : Carteira de criptomoedas evapora do nada. Corretora manda um “Te fode aí!”

A vida é muito difícil para os ancapinhos. O Estado malvadão lhes tira uma fortuna em impostos (ou tiraria, se tivessem emprego). E como se isso não bastasse, ainda os obriga a fazer um monte de coisas : Obriga a usar máscara, obriga a tomar vacina, obriga a limpar a bunda, obriga a lavar o pinto (Sim, a grande maioria dos ancapinhos é homem).

E além disso, o ancapinho, após uma certa fase da vida (ou consumindo uma determinada quantidade de “erva de artista”) se transforma em um sovereign citizen : Um sujeito que fica fingindo que o Estado não existe e que não tem que obedecer as leis, igualzinho um bando de toscos de esquerda ficaram fingindo que o presidente do Brasil era o José de Abreu.

A galera ancap poderia simplesmente resolver seus problemas, indo morar no meio da selva amazônica, onde na prática o Estado malvadão não alcançaria nenhum deles. Curiosamente essa solução nunca é tentada.

Mas os ancapinhos têm seus próprios planos para escapar do poder estatal e fundar o ancapistão, onde funcionaria a sociedade livre que tanto querem. Um deles é o bitcoin, a moeda virtual que surgiu como uma gozação, e cujo valor em dólar vem subindo cada vez mais…ou será que vai ser o Etherium? Ou o Dogecoin? Ou o Monero? Sim. Tem criptomoeda para cada tribo de ancapinhos, igualzinho no feudalismo.

Enquanto isso, o André definiu muito bem o que são as criptomoedas :

Você tem um monte de nada, mas jura que vale aquilo. Outros como você acreditam piamente. Alguns mineram essas criptomoedas. É como pegar uma folha de papel, desenhar uma nota de dinheiro e tirar muitas xerox, depois vende estas xeroxes para alguém que acha que aquilo vale alguma coisa, mas você não compra um pão na padaria com elas.

Um grande problema da galera libertária é, justamente, como armazenar essas criptomoedas. Alguns acham que a melhor saída é transferir para mídia física e estocar tudo em casa, voltando ao costume neandertal de estocar dinheiro físico em casa. Outros usam corretoras criadas por outros ancapinhos com a exclusiva finalidade de estocar e transacionar criptomoedas. O que poderia dar errado?

No caso, deu muito errado para um auditor do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (Sim, no Brasil ancaps fazem concurso público.) e que enviou 38,3 mil reais para a Binance comprar Bitcoin, Chainlink, Polkadot e Cardano.

Após esse investimento diversificado, o sujeito fez o download da carteira para a Trust Wallet, que pertence à Binance, e depois transferiu para o dispositivo físico. No dia seguinte, o seu monte de nada transformou-se em um vistoso e retumbante nada, já que as criptomoedas do moço evaporaram do dispositivo.

Após isso, ele procurou a delegacia de polícia virtual, registrou um boletim de ocorrência, além de procurar o suporte da Binance, que já mandou um migué, dizendo que não tem nada a ver com isso, que a culpa foi dele, mais sorte na próxima vez.

Claro que, não concordando com o diagnóstico da corretora, o sujeito resolveu procurar o Estado malvadão e ineficiente. E já entrou com o Sr. Processão em cima da Binance para reaver o dinheiro. Poxa companheiro! Assim você fere a PNA.

Ah, sim, só dizendo : Se um dia eu tiver o cartão clonado, o celular roubado, ou mesmo sofrer um sequestro relâmpago (essa última mediante seguro), e a minha conta for depenada, o banco ressarce os valores subtraídos. Mas isso é pra quem vive na civilização e não no mundinho de Marlboro da religião ancap.

Fonte : Livecoins.

Quando Hitler originou algo que nós adoramos.

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É comum, quando se estuda História, que diversos assuntos complexos recebam uma grossa camada de simplificação, a fim de facilitar o entendimento das linhas gerais por parte dos alunos.

A desvantagem dessa simplificação, é que diversos conflitos multifacetados ficam com cara de lutas maniqueistas, onde o “bem” ou o “mal” vence, e reagimos a decisões e processos históricos complexos como se víssemos imbecis tomando decisões idiotas, e exclamamos, “Meu Deus! Como esses abilolados podem ter feito tamanha estultice?!”

Por exemplo, muitos de nós aprendemos que, após tomar o poder em uma Alemanha arrasada pela crise de 29, o Nazismo recuperou a economia do país, transformando-o em um paradígma de eficiência e racionalidade. Apesar disso, o ódio dos alemães pelos judeus, levou o país ao holocausto, cujas atrocidades deixaram o povo americano horrorizado, a ponto de unir o país. A população, que até então via com reservas os gastos estatais, passou a aceitar os suntuosos gastos de guerra. Enquanto os Estados Unidos combatiam a Alemanha no front ocidental, a União Soviética segurava sozinha o front oriental, tendo sido os verdadeiros heróis na luta contra o Nazismo. Por sua vez, o Nazismo, era de direita, ou de esquerda (dependendo do blog político pelo qual o seu professor se informe),e Hitler foi um tremendo filho da puta sádico e sem perdão.

Na realidade, toda essa história bonita é bem mais complexa e cheia de nuances : A eficiência germânica foi uma farsa, muitos alemães discordaram das ideias nazistas de eugenia, nos EUA houve uma considerável oposição a enfrentar Hitler, a União Soviética teve pesada ajuda financeira dos EUA para encarar Hitler, e o Nazismo era bem mais complexo do que as definições de Esquerda e Direita.

Quanto à disposição da população para financiar a guerra, o buraco também era beeeem mais embaixo…

Apesar de guerras impulsionarem a economia, a triste verdade é que o esforço de guerra sai muito caro para todos os países envolvidos.

A forma de um país financiar uma guerra, é a mesma forma que um país financia tudo : através de impostos. Lá pelos idos de 1939, a alíquota marginal máxima de imposto de renda, para uma família com renda de US$ 5000,00, era de 8%. O esforço de guerra fez com que essa alíquota subisse para 22% em 1943.

Piora. Naquela época, os americanos recebiam o salário isento de impostos, que só eram recolhidos anualmente.

Se você conhece os hábitos financeiros do brasileiro, sabe o quanto nos preparamos para os compromissos financeiros que surgem.

Pois bem, meu amigo, saiba que os Estados Unidos são o Brasil que deu certo, e que, de acordo com o Gallup, em 1942, 85% dos americanos não tinha dinheiro sobrando para saldar a dívida com o imposto de renda (provavelmente muitos desses 85% não tinham nem faltando).

A coisa ficou tão periclitante, que as ruas das cidades foram cobertas com esses panfletos :

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Você é um dos 50.000.000 americanos que devem preencher o informe de rendimentos até 15 de março. PREENCHA AGORA! Evite filas. Descubra o quanto você tem a pagar ou a receber…hoje.

Até mesmo o Pato Donald entrou na jogada, apelando às pessoas que pagassem suas contas.

Nada disso surtiu o efeito necessário. Dívidas com a Receita se multiplicaram e, de acordo com o historiador James Sparrow, caso a lei fosse seguida ao pé da letra, 5 milhões de pessoas teriam que ser presas em 1943 por sonegação de impostos.

A solução veio através de Beardsley Ruml, o tesoureiro da Macy’s e membro do conselho do Federal Reserve Bank de Nova York, a proposta dele foi tão genial, que é utilizada até hoje.

A proposta de Ruml foi a realização do pagamento através de planos de parcelamento, que posteriormente se transformaram no sistema de recolhimento de imposto na fonte.

Por envolver grandezas quantificáveis, muitos de nós estamos acostumados a pensar no dinheiro em termos matemáticos, quando na verdade, o fator psicológico tem uma influência muito maior. A propensão do contribuinte a pagar impostos na fonte era muito maior, do que no recolhimento anual, o que favorecia a arrecadação do governo para o esforço de guerra.

O trabalhador não sentiu muito a diferença, pois o aumento da demanda, e a inflação dos anos de guerra pressionaram os salários para cima, e o pagamento líquido (ou seja, o que o trabalhador efetivamente levava para casa) mantinha-se inalterado, ou até aumentava em relação ao período do recolhimento anual.

Essa forma de recolhimento de imposto gerou outro fenômeno interessante. Ao invés de uma cobrança anual de imposto, passou a haver o Annual Tax Return, ou, como se conhece aqui no Brasil, a Restituição do Imposto de Renda. Em que o governo, ao invés de cobrar, lhe dá dinheiro (tecnicamente, apenas devolve o que você pagou a mais, mas o fator psicológico é o que conta) e você fica muito feliz com isso.

Enganação do governo?! Manipulação dos poderosos?! Imposto é roubo?!

Eu não me importo muito com isso, acho que consequências são mais importantes, e, no caso descrito, a consequência foi derrotar Hitler.

Afinal, essa parte seu professor de História ensinou corretamente, Hitler realmente era um tremendo filho da puta sádico e sem perdão.

Fonte :

Drip, Drip, Drip – Collaborative Fund