Não existe nada com tanto potencial de gerar e justificar políticas imbecis e danosas, quanto a famosa frase “pense nas criancinhas”.

Exemplos não faltam : Frederic Wertham quase destruiu a indústria de quadrinhos ao associar as HQs à delinquência juvenil, as histórias da Turma da Mônica vêm sendo paulatinamente purificadas de quaisquer elementos “violentos” e ficando cada vez mais anódinas e sem graça, Chaves está sendo cancelado por militantes porque promove “cultura do estupro”, e a programação infantil da TV aberta foi efetivamente destruída graças à proibição de propaganda para crianças, no lugar, veio…isso.

Apesar de todas essas desgraças, as pessoas não se tocam, políticos continuam a usar essa tática, e as instituições continuam caindo na esparrela.

A história de hoje envolve uma história em quadrinhos chamada Maus, de autoria de Art Spiegelman. A história é uma alegoria política envolvendo o Holocausto dos judeus que aconteceu na Alemanha de Hitler.

O quadrinho coloca os judeus como sendo ratos, enquanto que os alemães são representados como gatos, e outros povos são retratados como outros bichos.

A história é centrada no pai do autor, um judeu sobrevivente do holocausto, e conta toda a sua jornada . Começando por sua vida antes do nazismo, passando pela ascensão de Hitler, as leis antissemitas,o aprisionamento e a morte de seus amigos e parentes, o seu próprio aprisionamento e a vida em um campo de concentração, a fuga do campo, o fim da guerra, e a vida das pessoas após a guerra, com todos os traumas e as lembranças.

Apesar de ser um quadrinho muito bom, e de ensinar o que foi o nazismo, Maus acabou sendo vítima de um outro tipo de ratos.

Num shithole tosco chamado Tenessee, em um condado chamado mimimiMcMinn um bando de conservadores (conservador conserva o quê, afinal de contas?! Nunca me responderam.) ficaram boladinhos com o livro, porque tinha imagem de nudez, tinha gente morrendo. Que absurdo! As criancinhas da 8a série vendo isso!

Então, em um autêntico exemplo de como jogar o bebê fora junto com a água da banheira, o conselho escolar do condado se reuniu e, por decisão unânime, acabou banindo o livro de todas as escolas.

Mas, os nossos amiguinhos de McMinn estão dizendo que “calma lá, não é bem assim, a gente entende que a violência do Holocausto não deve ser esquecida mas…” e se comprometeram que irão continuar ensinando a realidade sobre toda a morte e tortura que ocorreram no Holocausto, mas através de livros que não mostrem tanto assim a realidade.

Seems legit!

O que nossos queridos conselheiros não contavam, é que proibir/impedir/censurar uma coisa, é a melhor forma de tornar essa coisa desejada. Vide o filme pornô da Xuxa, que apesar de proibido, não parava na gaveta das locadoras, tal era a demanda.

Com Maus aconteceu a mesma coisa, logo após a proibição, o livro pulou para o primeiro lugar em vendas na Amazon. Se não queriam que fosse lido, acho que o plano foi por água abaixo.

Além do livro, a decisão imbecil, infeliz, retardada, apedeuta, e desequilibrada deles também está aí escancarada em público para todos verem. São um bando de toscos que queriam muito bem censurar tudo e todos, só não levantam o bundão da cadeira pra fazer tal coisa, porque sabem que as únicas pessoas que irão apoiá-los serão essas :

Fonte : Globo